domingo, 27 de julho de 2008

E vem ai o Call for Action

Na semana que se inicia teremos o Call for Action, continuação do Global Forum que aconteceu em Junho.

No Global Forum eu participei de uma das mesas de trabalho, o que foi uma experiência única. Eu vi doutores representando a academia do PR e do RJ, dialogando com um empresário e uma jornalista especializada em carreira. E nesse momento, entre os diversos pontos de vista, vimos que a preocupação em encontrar a convergência entre o setor produtivo e as universidades é unânime. Isso os uniu e os fez trabalhar juntos na construção de um sonho possível. Saímos de lá como amigos.

Agora, eu espero rever estes amigos no Call for Action e, se não for possível estar com eles, quero pelo menos, poder informar-lhes que o que propusemos se transformou em projetos. É isso que é o Call for Action: a grande oportunidade de transformar a reflexão em ação. Quem esteve no Global Fórum e estará no Call for Action está escrevendo essa nova pagina na história e ajudando a construir um mundo melhor.


Para saber mais sobre o Global Forum acesse: www.globalforum.com.br

terça-feira, 22 de julho de 2008

Juiz de Fora e as Greves Ocorridas entre 1912 e 1924

Juiz de Fora, que desde a criação da União - Industria, tornou-se o principal centro sócio-econômico da Zona da Mata, exercendo um papel de catalisadora de recursos e veio a ser o principal centro industrial de Minas Gerais nas primeiras décadas do século XX, foi palco de uma importante luta de classes no período delimitado, quando eclodiram três greves de caráter generalizado, além de outras manifestações que afetaram apenas um setor fabril ou uma determinada categoria.
Já em 1905, Carlos Prates, Inspetor de Indústria, Minas e Colonização, ao visitar algumas das principais industrias da cidade para analisar seus pleitos, redigiu um relatório, aonde afirma que: “Industrialmente, é esse o mais importante município do estado, e é principalmente por este fato que lhe cabe a primazia entre todos.(...) Ao que me consta, em proporção, é esta a cidade mais industrial do Brasil”.
O relatório de Carlos Prates nos mostra que, por ocasião de sua visita, a cidade já contava com um número elevado de fábricas operando, que contava com mão de obra feminina em seu quadro de funcionários.
Os operários de Juiz de Fora, bem como todo o proletariado brasileiro do começo do século, enfrentavam condições de vida que, pelos relatos da época, mal lhes permitiam sobreviver. As maiores dificuldades estavam na carestia e no problema de moradia.
Houve uma grande organização de comitês e o envio de várias solicitações para a Câmara dos vereadores, pleiteando ajuda no sentido de amenizar impostos, baixar os preços dos bens de primeira necessidade e melhorar as condições de trabalho dentro das fábricas.
Neste momento, a vitória conseguida pelos operários de Belo Horizonte, incita os trabalhadores de Juiz de Fora, e assim no dia 16/08/1912, 300 operários entre tecelões, pedreiros e carpinteiros se declaram em greve pacífica, reclamando a diminuição da jornada de trabalho para 8 horas diárias
A imprensa começa a fazer uma cobertura acirrada dos fatos, o que para nós é de grande valia. O Jornal do Comércio de 28/8/1912 da notícia que, “grevistas impedem a entrada dos trabalhadores numa fábrica de meias e procuram impedir a passagem das moças para o trabalho”
No decorrer desta primeira greve, vários fatos importantes acontecem. Embates com a polícia, piquetes nas portas das fábricas, prisões de manifestas e até a morte de Juvenal Guimarães, funcionário da Cia. Singer.
No dia 30/8/1912, é noticiado que “as operárias da Fábrica de Juta declaram-se em greve, reclamando aumento salarial e redução no horário”
No entanto, as condições de trabalho não melhoram, continuando os operários sofrendo um alto índice de exploração e, algumas vezes passando por humilhações.
Houve então, uma tentativa de organização por parte dos operários de Juiz de Fora. Em reunião realizada no dia 13 de janeiro de 1918, foram discutidas as bases da Sociedade Operária de Juiz de Fora, cujos objetivos eram: unificação do operariado da cidade, organização de uma cooperativa, serviço médico e farmacêutico a preços reduzidos, criação de uma biblioteca, criação de um fundo de reserva, difusão do ensino e educação intelectual e cívica dos operários. Já ficara esclarecido também, que a Associação não vedava a entrada do elemento feminino, pois, sendo ela de caráter beneficente, receberia o apoio de todos os operários, “quer se trate de homens, quer se trate de mulheres, ou mesmo de famílias de proletários”.
Durante a “greve do açúcar”, o jornal O Farol informa que “homens, mulheres e crianças, de quase todas as condições sociais, invadem a casa carregando, durante mais de 1 hora, cerca de 3 mil sacas de açúcar”
A polícia começou á tentar punir os manifestantes e, no dia 29 de agosto daquele ano, alguns soldados espancaram a filha menor do operário João Coelho, no bairro Manoel Honório, por haver-lhes pedido que não prendessem seu pai, em cuja casa não havia sido encontrado nenhum açúcar.
Um outro agente causador das contendas era o alto número de acidentes do trabalho, que feriam gravemente, mutilavam e até mesmo matavam os trabalhadores. Temos notícia do que aconteceu com Isabel Neves, que foi ferida por uma lançadeira no nariz quando trabalhava no tear da fábrica Mascarenhas.
Em 1920, as mulheres representavam 29,6% da mão de obra empregada na industria. eram 2.475 operárias, das quais 2.245 atuavam nos setores “Têxtil” e “Vestuário e Toucador”, e Juiz de Fora era um dos principais centros do comercio atacadista de Minas Gerais, superado apenas por Belo Horizonte .
A greve de 1924 foi causada por esse ter sido um ano de grande elevação do custo de vida no Brasil. Em Juiz de Fora a imprensa alardeia a carestia, conclamando o governo municipal a tomar providencias.O proletariado local entendia que somente que somente o aumento salarial lhe daria condições para superar a situação, enquanto os industriais queriam manter os salários baixos, obrigando assim, os operários s fazerem plantão e aumentando sua margem de lucro .
Neste contexto, no dia 10/06/1924, as operarias da fábrica de tecidos Bernardo Mascarenhas iniciam greve por aumento de salário, há muito pleiteado, intimando os companheiros de trabalhão a segui-las. A polícia toma medidas preventivas. Elas conseguiram o apoio dos carroceiros condutores de matéria- prima para a fábrica Mascarenhas, que se recusaram a fazer o transporte, em solidariedade às operarias. No mesmo dia, operários das fábricas de Tecidos Meurer, Surerus, e Santa Cruz Também aderiram ao movimento e, no fim da tarde já eram 1500 operários em greve.
Em 12/6/1924, se falava em greve geral e um grupo numeroso de grevistas que contava em seu contingente com mulheres e crianças, percorreu várias fábricas com o intuito de obter novas adesões. Várias fábricas aderem à greve e a polícia é acionada.Uma comissão nomeada pela assembléia dos operários, da qual entre outros, faziam parte Olinda Barbieri e Domina de Oliveira, delibera que só voltarão ao trabalho quando tiverem suas reivindicações aceitas. No entanto, os industriais continuam intransigentes.
Em 18/6/1924 noticia-se que as costureiras iriam aderir á greve, o que já era esperado, uma vez que, segundo o Diário Mercantil, “elas trabalham longas horas sujeitando-se a exaustivos serões por um ordenado simplesmente irrisório”.
Neste mesmo dia, operarias vendiam bilhetes para uma sessão de cinema que iria ser exibida em beneficio da Federação Operária para manutenção da greve.
A greve terminou no dia 120/6/1924, após intensas negociações e conflitos. Ainda assim, várias manifestações de apoio aos operários de Juiz de Fora continuaram a chegar, vindas de várias partes do país.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Os Educadores e a Educação

A fábula abaixo foi escrita por um amigo filósofo e eu a compartilho aqui no blog, por achar que ela diz muito sobre esse momento de realizacões que estamos vivendo com o Global Forum e o Movimento das Cidades pela Educação. Estamos partindo da realidade para uma conquista.


Espero que gostem!


Os Educadores e a Educação

Era uma vez uma família, que vivia na cidade de realidade, estado de ponto de partida, que como as outras famílias vivia seu dia-a-dia em sua casa. Como é de costume, apresentaremos a família pelo seu sobrenome: Os Educadores.
O pai, o sr. Educador trabalhava sem descanso, pois, em sua profissão era necessário ter vários empregos para que o salário cobrisse as despesas mensais. Ele vivia correndo de emprego em emprego e mal tinha tempo de respirar. À noite, quando chegava em casa, tinha sempre algum serviço que trazia consigo e que era sempre urgente. Sua mulher, dona Educadora também trabalhava fora e, além disso tinha que organizar a casa. Era um sufoco. A filha, Educanda, era adolescente e como a maioria dos adolescentes, às vezes ajudava, às vezes não, às vezes estava alegre, às vezes triste, às vezes calada, às vezes falante e quase sempre não sabia os motivos.
Vivia então nessa rotina do dia-a-dia, essa família feliz. Muita coisa incomodava, mas para mudar era mais complicado ainda, então deixa como está.
Um dia esta rotina foi quebrada por uma carta. Não era uma carta qualquer, era a comunicação de que a família havia recebido uma herança: A Mansão da Educação. Que alegria, muitos planos: -Será que é bonita? Será que é espaçosa? Será que vale muito?
Mas onde ficava a tal mansão? Olhando a carta agora em detalhes o sr. Educador anunciou: A cidade se chama Não Sei. Todos estranharam, mas a família dos Educadores não podia deixar a sua herança de lado. O jeito é procurar.
Os Educadores saíram, então, a caminho. Foram até o prédio da Metodologia, departamento de busca, para conversar com os peritos. Na primeira sala encontraram o sr Fisiólogo que os atendeu por entre seus livros de estímulo e resposta. Falaram da Mansão e que desejavam saber como chegar até ela. O dr. Fisiólogo leu a carta rapidamente e perguntou: Qual é a localidade? A família respondeu em coro: Não Sei. Ele levantou e pediu que eles se dirigissem a outra sala. Lá encontraram o dr. Psicólogo, homem observador e calado. Relataram todo o acontecido. Depois de ouvir tudo atentamente o dr. Psicólogo perguntou: E qual é a cidade? A família respondeu: Não Sei. Embaraçado, o dr. Psicólogo perguntou se eles não queriam "conversar sobre isso". A família saiu e, de sala em sala, falaram com economistas, administradores, políticos... Mas ninguém sabia onde ficava Não Sei. Desanimados voltaram para casa e encontraram uma criança, colega de Educanda, filha do casal. A menina contou tudo ao colega que riu muito e disse: Vocês estão perdendo seu tempo. A estrada que vai para Não Sei fica perto de Ponto de Partida e passa por Realidade, de onde vocês saíram. Vocês nunca vão achar a Mansão da Educação sem saber qual o caminho e ele parte da Realidade que é o Ponto de Partida.

Emilio Cunha Amorim

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Homens e Mulheres: Diferentes, mas não Desiguais

Analisando a trajetória da humanidade verificamos que sempre houve uma clara distinção entre os papéis desempenhados por homens e mulheres.

Alguns estudiosos defendem a idéia de que a mulher perdeu sua identidade de fêmea, a partir do momento em que se deixou ficar na caverna enquanto o homem ia caçar. Essa é uma teoria correta? Difícil dizer, mas o fato é que, durante toda a história verificou-se claramente a concepção da diferença entre os sexos.

Se estudarmos os povos antigos, vemos que os sábios e grandes filósofos gregos eram homens. Quem participava da vida social e econômica desse povo tão evoluído culturalmente eram os homens, devendo as mulheres permanecer trancafiadas em casa. Dos povos bárbaros, sabemos muito sobre o seu poder de guerra. Eram corajosos e destemidos. Mas e suas mulheres? Qual a contribuição delas para este espírito indomável?

Alguns poucos relatos nos trazem hoje notícias das mulheres celtas que faziam valer sua vontade, que convidavam o homem objeto de seu desejo para seu leito e que guerreavam e morriam por seu ideal. Mas estas são uma exceção. A história omitiu a contribuição feminina para o crescimento do Império Romano, o desenvolvimento do Egito, para as cruzadas, as Grandes Navegações, as Revoluções Francesa e Industrial e outros acontecimentos.

Mas hoje algumas correntes estão revendo esta posição. A busca da mulher por sua identidade está nos mostrando um quadro antes encoberto. No Brasil colônia, por exemplo, mulheres, a despeito do preconceito, trabalhavam junto com os homens em busca do sustento próprio e o da prole que, naquele tempo, era bem numerosa. Desempenhavam as mesmas tarefas que os homens e em alguns momentos, assumiam a família e criavam sozinhas os filhos enquanto os seus maridos entravam para as Minas Gerais ou iam lutar contra espanhóis e outros invasores.

A economia teve uma grande contribuição feminina. Eram quitandeiras, lavadeiras, costureiras, donas de tabernas, enfim, elas estavam em diversas partes.

Com o passar do tempo a mulher foi adquirindo mais e mais espaço no desenvolvimento econômico do país. Porém, mais ainda tinham que conquistar. Faltavam conquistas sociais, o lugar na política, a igualdade. E hoje, nos tempos da globalização, vemos cada vez mais o conceito machista caindo. Mulheres atuam nas escolas, na política, nos hospitais, nas grandes empresas. Temos chefes de equipes médicas, senadoras, embaixadoras, vereadores, economistas, engenheiras, motoristas de ônibus e táxi, presidentas. As grandes corporações valorizam a sensibilidade feminina na administração. Homens e mulheres trabalham lado a lado em vários desafios.

A diferença entre os dois gêneros atualmente é vista como uma forma de balanceamento e de obtenção de melhores resultados. Tal diferença, que antes era um obstáculo e um entrave para a vida da mulher, é hoje um fator primordial para quebrar a barreira da desigualdade.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Movimento das Cidades Pela Educação

Em fevereiro de 2008, na cidade de Porto Alegre, realizou-se dentro da Conferência Mundial sobre Desenvolvimento das Cidades, uma grande oficina, na qual foi lançado o Movimento das Cidades pela Educação.

Tal movimento, objetiva mobilizar a sociedade para a busca de uma educação de qualidade, contribuindo assim, para a redução dos números negativos da educação, focalizando as ações nos municípios, que é onde as coisas acontecem. O Movimento já foi lançado em algumas cidades do estado do PR e nesta oportunidade, foram formados comitês locais que colocam em prática ações eleitas pela comunidade como necessárias para que se alcance o objetivo.

Amanhã, 10/07 será realizado o 4 º Encontro Estadual do Movimento das Cidades pela Educação Básica , das 13h30 às 18 h30, em Paranaguá , na Escola Municipal Nascimento Júnior.

O Encontro reunirá lideranças, autoridades , educadores, sociedade civil e organizada e comunidade em geral para debater ações efetivas para a melhoria do sistema público de ensino, com foco na educação básica.

Mais informações sobre o Movimento, no site: www.cidadespelaeducacao.org.br.

domingo, 6 de julho de 2008

Impressões







Eu tinha pensado em estrear este blog com um texto sobre o que eu aprendi nos últimos tempos sobre redes sociais, sobre as minhas impressões do GFAL (que por sinal, foi um sucesso), mas desde sexta-feira, um outro assunto se instalou em minha mente e tenho certeza de que escrever sobre ele, será uma forma de melhor compreendê-lo, digeri-lo, tirar dele definitivamente as lições e seguir em frente.

Trata-se de um filme que assisti que se chama The Notebook. Filme simples, com distribuição apenas para locação. Não é uma mega produção hollywoodiana A história é simples. O filme trata de solidariedade, de sonho, de perseverança.

Em um asilo, um senhor de idade, lê histórias para uma senhora que perdeu a memória. O objetivo desta leitura é estimular o cérebro de Allie (esse é o nome da senhora) e preencher seus dias.

Noah conta para Allie a história de dois jovens de classes sociais diferentes, separados pela guerra e pelo preconceito social e que se reencontram anos depois. Lugar comum, alguns dirão. Mas o filme é maior que isso. Allie se envolve na história e em seus olhos não encontramos o vazio que assola a maioria das pessoas que chegam à velhice e à doença. Noah não é saudável também. Entre um capítulo e outro, ele precisa cuidar de seus inúmeros problemas de saúde e se lembrar de tomar todos os remédios do dia.

Allie e Noah são amigos, companheiros. Ela se preocupa, em seus momentos de lucidez, com os medicamentos dele. Ele quer fazer com que os dias dela sejam menos áridos. Quando já estamos completamente comovidos com a relação entre estes dois seres humanos que podiam estar se lamentando, descobrimos o mais surpreendente: Noah conta para Allie a história da vida dos dois. Eles são os protagonistas! Ela não se lembra. Ele acredita que "o amor faz milagres" e que ouvir a sua história, fará com que Allie lembre-se de tudo e volte para ele.

Comoveu-me a parte em que ele consegue seu intento; Allie tem cinco minutos de lembranças e quer saber tudo o que perdeu. Quando achamos que a cura será definitiva, sua mente volta para a escuridão e ela entra em crise. Noah tem um infarto. Os olhos de Allie exibem o vazio. Noah se recupera e chegamos ao final que não vou contar aqui, porque espero que as pessoas que lerem esse texto, assistam ao filme.

A história me comoveu e me levou às lágrimas. Mas o que mais me impressiona é a capacidade humana de acreditar, de perseguir seus sonhos, de expressar o amor em sua mais singela manifestação. O homem é capaz de grandes coisas. Noah é um exemplo de que quem acredita e é apaixonado por uma causa, não mede esforços para alcançá-la. Nenhum esforço é demasiado grande. A falta de dinheiro, a saúde frágil, a idade, nada disso é desculpa para cruzar os braços e aceitar o que vier.

E o que fizemos no Global Fórum? Acreditamos na causa, ultrapassamos fronteiras e começamos a construir a mudança. Vimos os olhos se encherem de esperança de um futuro diferente. Acadêmicos, empresários, sociedade civil e governo viram sentido no trabalho realizado e se sentiram parte importante do processo. Abrimos o caminho e a jornada é longa.

Parafraseando e complementando o Noah, o amor faz milagres e as pessoas unidas em uma mesma causa, também...