segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O QUE ACONTECEU HOJE?

Hoje é aniversário de Virginia Woolf, uma das mais importantes escritoras britânicas.

Virginia estreou na literatura em 1915 com um romance (The Voyage Out) e posteriormente realizou uma série de obras notáveis, as quais lhe valeram o título de "a Proust inglesa".

Virginia Woolf era filha do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário.
Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Nessa época, a brilhante mente da escritora já se atordoava com fortes crises depressivas.

Ainda assim, integrou o o grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais que, após a Primeira Guerra Mundial, se posicionou contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana. Deste grupo participaram, dentre outros, os escritores Roger Fry e Duncan Grant; os historiadores e economistas Lytton Strachey e John Maynard Keynes; e os críticos Clive Bell e Desmond McCarthy.

A obra de Virginia é classificada como modernista. O fluxo de consciência foi uma de suas marcas mais conhecidas e da qual é considerada uma das criadoras.
Suas reflexões sobre a arte literária - da liberdade de criação ao prazer da leitura - baseadas em obras-primas de Conrad, Defoe, Dostoievski, Jane Austen, Joyce, Montaigne, Tolstoi, Tchekov, Sterne, entre outros clássicos, foram reunidos em dois volumes publicados pela Hogarth Press em 1925 e 1932 sob o título de The Common Reader - O Leitor Comum, homenagem explícita da autora àquele que, livre de qualquer tipo de obrigação, lê para seu próprio desfrute pessoal. Uma seleta destes ensaios, reveladores da busca de Virginia Woolf por uma estética não só do texto mas de sua percepção, foi reunida em língua portuguesa em 2007 pela Graphia Editorial, com tradução de Luciana Viegas.

Não suportando mais lidar com a depressão, Virginia cometeu suicidio em 1941, se afogando, não sem antes deixar um bilhete para o marido e a irmã Vanessa, as pessoas que mais amava na vida.

Pra quem quiser conhecer um pouco mais do universo de Virginia Woolf, o filme "As Horas" é uma boa indicação.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A IDADE E A MUDANÇA

Lya Luft sabe realmente das coisas...

A IDADE E A MUDANÇA
Lya Luft




Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...
Lya Luft

Lya Luft nasceu no dia 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul.
Por se tratar de cidade de colonização alemã, as crianças, em quase sua totalidade, falavam alemão, e os livros utilizados nas escolas vinham da Alemanha. Com onze anos, Lya decorava poemas de Goethe e Schiller.
Posteriormente, estudou em Porto Alegre (RS), onde se formou em pedagogia e letras anglo-germânicas.
Iniciou sua vida literária nos anos 60, como tradutora de literaturas em alemão e inglês. Lya Luft já traduziu para o português mais de cem livros. Entre outros, destacam-se traduções de Virginia Wolf, Reiner Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann. A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O BELO DA SEMANA - VINICIUS DE MORAES

Para Viver Um Grande Amor

Vinicius de Moraes


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O QUE ACONTECEU HOJE?

Os terremotos que atingiram o Haiti e mataram inúmeras pessoas, nos privaram da presença de uma pessoa iluminada.

Zilda Arns, fundadora da Pstoral da Criança e dona de um carisma incomum, está entre as vítimas fatais da tragédia.


Nascida em 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha (Santa Catarina), Zilda Arns Neumann morava em Curitiba desde os 10 anos de idade, quando se mudou com a família. Deixou cinco filhos e dez netos.

Formada em Medicina, escolheu o caminho da saúde pública desde cedo. Trabalhou inicialmente como pediatra do Hospital de Crianças Cezar Pernetta, na capital paranaense, e posteriormente como diretora de Saúde Materno-Infantil, da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná.

Em 1980, foi convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no Paraná.

Em 1983, a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criou a Pastoral da Criança com Dom Geraldo Majela Agnello, cardeal e arcebispo primaz do Brasil, que na época era arcebispo de Londrina. Em 27 anos de trabalho, a Pastoral conta com a ajuda de mais de 260 mil voluntários e atende quase 2 milhões de gestantes e crianças menores de seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios brasileiros.

Em 2008, mais de 1,9 milhão de gestantes e crianças menores seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres foram acompanhados pela ONG em 4.063 municípios brasileiros. Ao todo, a Pastoral conta com mais de 260 mil voluntários que levam conhecimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres.

No ano de 2004, também a pedido da CNBB, fundou a Pastoral da Pessoa Idosa que atende 129 mil idosos acompanhados, todos os meses, por 14 mil voluntários.

Reconhecida nacionalmente e internacionalmente pelo trabalho que realizava, Zilda Arns era cidadã honorária de 10 estados e 35 municípios. Recebeu títulos de doutor honoris causa de cinco universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo-Sul Catarinente de Criciúma, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina.

Entre os prêmios que recebeu ao longo da carreira estão o Woodrow Wilson, da Woodrow Wilson Fundation, em 2007; o Opus Prize, da Opus Prize Foundation (EUA); Heroína da Saúde Pública das Américas (OPAS/2002); 1º Prêmio Direitos Humanos (USP/2000); Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em Prol da Saúde da Criança (Unicef/1988); Prêmio Humanitário (Lions Club Internacional/1997) e Prêmio Internacional em Administração Sanitária (OPAS/ 1994). Em 2006, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O QUE ACONTECEU HOJE?

Morreu aos 100 anos mulher que ajudou Anne Frank.

Da Agência Estado

A holandesa Miep Gies era a única sobrevivente do grupo que conhecia o local onde os Franks se esconderam por 25 meses em Amsterdã

Miep Gies, que ajudou a esconder a família de Anne Frank dos nazistas, morreu na segunda-feira (11) aos 100 anos, informou o Museu Anne Frank. Maatje Mostart, porta-voz da entidade, disse que ela morreu depois de uma breve doença, mas não deu mais detalhes. Segundo a BBC, Gies havia sido internada em uma clínica após uma queda no mês passado. A holandesa era a única sobrevivente do grupo que conhecia o local onde os Franks se esconderam por 25 meses em Amsterdã, Holanda, durante a 2ª Guerra.

Gies, que era secretária do pai de Anne Frank, Otto, levou comida, jornais e outros objetos para a família da adolescente e outras quatro pessoas que também estavam no esconderijo, de 1942 a 1944. Depois que uma denúncia anônima levou os alemães à descoberta do esconderijo e à prisão dos Franks, Gies encontrou o diário de Anne, cujo conteúdo virou um dos livros mais lidos do mundo.

Ela escondeu o diário e outras anotações esperando que Anne voltasse, mas a adolescente morreu aos 15 anos de febre tifoide em um campo de concentração duas semanas antes de ele ser fechado. Gies entregou o diário ao pai de Anne, o único sobrevivente da família, que o publicou em 1947. Ela viajou pelo mundo para fazer campanha contra a negação do Holocausto.