quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CRIME SEM CASTIGO?

Nos últimos dias tenho pensado muito sobre uma coisa muito séria - ir contra os nossos princípios. Na minha terra, as pessoas têm um modo muito específico de se referir à soma de fatores como o modo de criação, os valores morais e as crenças que nos acompanham e formam o nosso caráter: sistema. Quando uma pessoa tem valores e crenças muito rígidas, é sistemática!

Pois bem, eu sou sistemática. Tenho crenças enraizadas e gosto disso. Esses valores resultam na pessoa que eu sou e me trazem segurança. Embasada neles eu toco a vida de forma a me sentir bem comigo mesma.

E o engraçado é que eu não estou falando de uma fórmula existencialista complexa. Estou falando de coisas simples que a gente aprende na escola primária: Respeitar os mais velhos, cumprir a palavra, ser leal com os amigos, respeitar o espaço dos outros para fazer com que respeitem os meus, namorar uma pessoa de cada vez, não fazer com os outros o que não quero que façam comigo, e por ai vai.

Acontece que a vida não é redondinha. De vez em quando aparecem algumas situações que nos levam, se não a trair esses princípios, a pelo menos, pensar na possibilidade. Ai a gente se ferra! Atrasa uma conta, fala uma mentira, fura uma fila, estaciona em local proibido, faz uma fofoca sobre um amigo querido, namora alguém que tem outro alguém. Depois, a gente paga o preço: paga juros, passa vergonha ao ser descoberto na mentira, é mal visto pelas pessoas que estavam atrás na fila, leva uma multa, perde, ou no mínimo magoa o amigo, morre de culpa.

Ai eu me pergunto por que a gente faz essas coisas? Somos nós que saímos prejudicados, culpados, envergonhados... Dizem que o ser humano é inteligente. Eu acho que to meio duvidando dessa afirmação. A Antropologia diz que vivemos para saciar nossas necessidades. Se é assim, por que então pensamos? Bom seria que matássemos nossa fome, nossa sede, nossa necessidade de sexo e depois esquecêssemos. Mas não! Tínhamos que ter a famigerada consciência pra nos cutucar... É injusto!

Bem, como vocês podem ver, estou transitando entre a análise e a revolta. A ignorância é uma dádiva. Quando a gente ignora que o responsável por tudo o que acontece em nossas vidas , somos nós mesmos, é ótimo, porque assim, a gente coloca a culpa no outro e posa de vítima. Depois que a gente descobre que não tem essa e cada um escreve a própria História, o papel de vítima já fica meio sem lugar. Ai, Sartre vira um amigo íntimo e sua fala de que o que importa é o que fazemos com o que nos fazem, vira mantra. O fato é que não existe crime sem castigo. É isso!

2 comentários:

Ricardo Montanari disse...

Como sempre inigualável!
Com seus pensamentos suntuosos e seu discurso aparatoso!

ANA PAULA disse...

Crime sem castigo pode até não existir... basta saber se há tantos crimes assim em tudo isso que você disse. A simplicidade faz um bem terrível...