segunda-feira, 20 de outubro de 2008

ELEIÇÕES EM BELO HORIZONTE


do blog da Lúcia Hipólito


A batalha em Belo Horizonte ainda não está sendo considerada perdida pelo governador Aécio Neves.

Esta semana, o governador promete dedicação exclusiva à campanha, mas talvez seja tarde demais. Apesar dos tropeços de Leonardo Quintão nesta reta final (subiu no salto antes da hora), talvez não haja mais tempo para virar o jogo e salvar da derrota uma eleição que parecia ganha.

Ninguém ganha (nem perde) eleição de véspera, mas já dá para fazer algumas observações sobre a campanha eleitoral em Belo Horizonte.

Primeiro, o governador e o prefeito confundiram administrações bem avaliadas com aprovação dos belo-horizontinos à aliança entre PSDB e PT. Nem sempre esta associação é automática.

Segundo, o governador e o prefeito se convenceram de que, juntos, podiam perfeitamente eleger um poste. Não podem, porque depende do poste. O poste não ajudou.

Terceiro, o governador e o prefeito expuseram-se demais e ofuscaram o poste, oops, o candidato Márcio Lacerda.

Quarto, o governador o prefeito esqueceram-se de que o PSDB é fraco na capital. E de que o PMDB é forte em Minas, tinha um candidato competitivo, com cara de outsider, jovem e mineiríssimo.

Quanto ao prefeito Fernando Pimentel, despertou a ira de petistas importantes como os ministros Patrus Ananias e Luis Dulci, que passaram a jogar pesado, apoiando no primeiro turno a canddiata Jô Moraes (PCdoB). O PT de Belo Horizonte considerou ponto de honra derrotar Fernando Pimentel.

Uma derrota humilhante para o PMDB pode vir a sepultar as esperanças de Fernando Pimentel de ser o candidato à sucessão de Aécio Neves.

Uma vitória importante do PMDB coloca imediatamente na linha de frente da sucessão o padrinho de Leonardo Quintão, o ministro das Comunicações Hélio Costa.

Quanto ao governador Aécio Neves, pelo visto também "subiu no salto" de sua indiscutível popularidade. O povo de Belo Horizonte parece estar mandando um aviso ao governador. Decidiu puni-lo pela auto-suficiência, por um certo exibicionismo, pelo absenteísmo (muitos fins de semana no Rio, viagens demais ao exterior).

Parece que a população aceita um governador jovem, solteiro, namorador. Mas quer que este governador viva em Belo Horizonte e não no Rio, que conviva com a sociedade local, e não com os cariocas. Em suma, o eleitorado de Belo Horizonte parece estar preferindo um Aécio mais austero, mais discreto, menos festeiro, menos ausente. Menos carioca. Mais mineiro.

Aécio Neves montou em Minas Gerais, um governo quase parlamentarista. O dia-a-dia da administração é tocado pelo vice-governador Antonio Anastasia, com a importante colaboração de Andréa Neves, irmã do governador. Aécio reservou para si as articulações políticas, as viagens internacionais, os acordos, a busca de investimentos para o estado. Tem dado certo.

Talvez agora a população esteja precisando de um governador mais presente e menos itinerante.

No próximo domingo saberemos.

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