domingo, 7 de setembro de 2008

SOBRE MÚSICA E PATRIOTISMO


Estava a caminho de Juiz de Fora nesse feriado de 8 de setembro,
(oito mesmo, dia da padroeira de Curitiba) quando uma música no
rádio me chamou a atenção. Trata-se da "Que País é esse" do Legião
Urbana. A canção embalou muitas tardes da minha adolescência na
rádio Manchester de Juiz de Fora, que depois virou rádio Cidade -
JF.
Acontece que agora, ouvindo a versão ao vivo da música, na
qual o público canta junto com a banda, um detalhe que sempre
esteve lá me chocou e me fez pensar. Que País é esse que, se não
me engano também foi o nome do disco (na época só havia vinil) é
uma música de protesto. Fala sobre o desrespeito para com a
Constituição, a corrupção que assola a Federação, o descaso com
os índios. Chegou a ser usada como hino de algumas campanhas em
prol de uma sociedade melhor.

No refrão que Renato Russo criou, está a pergunta chave: "Que
país é esse?" a qual um público empolgado responde: "é a porra do
Brasil". Ouvindo isso sob a luz da experiência pois, provavelmente a
alguns anos atrás eu faria coro com essa resposta, eu me pergunto
que público é esse?

Um show de rock é um local bem interessante. As pessoas que
estão lá unidas por gostarem da mesma banda, são representantes
de várias classes da sociedade. Nos sessenta minutos de show todos
são iguais. Todos têm aquele momento em comum, recebem a
mesma carga de energia e emoção.

As pessoas que respondem em uníssono que país é esse, são
os estudantes e trabalhadores que constroem essa nação. São eles
que saem de casa todas as manhãs para dar aula, estudar para se
formar em uma profissão, atender em um banco ou em uma
lanchonete, escrever jornais, varrer as ruas, montar carros,
construir prédios.

Como esses brasileiros vão executar suas tarefas e construir um país melhor, se não acreditam e não respeitam o Brasil? Como fica o amor às raízes, o patriotismo? Estamos em período eleitoral e pesquisas apontam o descaso dos jovens para com o pleito em suas cidades. Será que esse fenômeno se deve ao fato de eles acharem que esse país é uma p...?

Pode haver quem diga que as pessoas que cantaram essa música nem pensaram no que estavam falando e o fizeram por curtição no calor do momento. Pois na minha opinião isso também é muito ruim. Somos brasileiros o tempo todo e, da mesma forma que devemos levar o amor e o respeito por nossas famílias aonde formos, devemos respeitar e defender nosso país em qualquer situação.

Não quero aqui dar lições de patriotismo, apesar de estar no dia 7 de setembro. Minha intenção ao sentar no computador para escrever esse texto é somente refletir um pouco sobre o que ouvi e dividir com quem ler esse blog minha inquietação.

Ao escutar o refrão cantado por centenas de pessoas me veio a certeza de que muito ainda há que ser feito para mudar o sentimento do brasileiro para com essa terra que é nossa. Realmente 500 anos é muito pouco e muito temos o que aprender. A República no Brasil é muito nova, temos pouquíssimo tempo de Democracia, a nossa Constituição está fazendo 20 anos. Não sabemos lidar com esses fatos.

Temos muito o que aprender e amadurecer, mas eu tenho certeza que ainda hei de ouvir uma outra resposta para essa pergunta. Usando a técnica da Investigação Apreciativa, consigo imaginar que daqui a alguns anos quando for feita novamente a pergunta "que país é esse?" para um jovem, adulto ou idoso, a resposta vai ser simplesmente "é o meu Brasil, minha terra, minha pátria".

2 comentários:

Fabrício Miranda disse...

Dentro de alguns anos, quando vocês mulheres inteligentes tomarem o volante deste AMADO Brasil, ouviremos sim um refrão que exalte nossas qualidades.

Parabéns pelo texto!! Sempre que ouvi essa música via Legião, ou mais recente, com o Tal do Dinho OP, sentia uma tristeza profunda.

Anônimo disse...

Caríssima Juliana Machado,
Pra não dizer que não te encontrei neste show da vida, e também não levar a sensação que passei e vi um pessoa diferente, aceite este comentário como a essência sentida que inalamos por forças dos sentidos ao passar por uma flor no campo; e sem desejar nos tomam com a delicadeza do somente existir.

E, assim, que bom que você existe!
Eu também existo igualmente, fluo como água que não sabe de onde veio e não sabre pra onde vai!
E, o que nos resta é propor a "vida" com alguns texto que possam ler e questionar-se sobre o Pseudo-concretismo - Interminável.
Felicidades!
texto não revidado